Obelia sp.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Hoje, fiquei feliz por ter ido bem em uns testes de História e de Química, mesmo tenho estudado muito menos do que o planejado ontem. Conforto bom. Isso, depois de almoçar com uma turma grande num restaurante perto do colégio, tomar o melhor sorvete da vida com amêndoas e rum, perder a hora e voltar correndo pela cidade.
Depois dos testes, ainda, passei pelo apartamento de uma amiga pra pegar meu fichário, que estava com ela. Conversamos e rimos, planejando alguns futuros pouco prováveis, morar juntas, talvez...

Engraçado que essa juventude não tem nenhuma beleza. Vestibular, decididamente, não tem cores.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Navegar é preciso

Ontem me peguei conversando com um colega de sala no frio da avenida, rodando entre assuntos banais e vagos, especialmente sobre o futuro. Conversas de passatempo.
Em certo momento, veio ao ar um comentário antigo, e sobre o qual já havia me pegado pensando várias vezes: vale a pena, enfim, perder a vida por uma causa?
Ninguém soube o que dizer, a princípio. Ele realmente deseja deixar a vida de lado para encontrar algo grande enquanto pesquisador na área de Física Quântica. Algumas idéias depois, veio até o poema, de Fernando Pessoa:

Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa:
"Navegar é preciso; viver não é preciso".

Quero para mim o espírito [d]esta frase,
transformada a forma para a casar como eu sou:

Viver não é necessário; o que é necessário é criar.
Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso.
Só quero torná-la grande,
ainda que para isso tenha de ser o meu corpo
e a (minha alma) a lenha desse fogo.

Só quero torná-la toda a humanidade;
ainda que para isso tenha de a perder como minha.
Cada vez mais assim penso.
Cada vez mais ponho da essência anímica do meu sangue
o propósito impessoal de engrandecer a pátria e contribuir
para a evolução da humanidade.

É a forma que em mim tomou o misticismo da nossa Raça.


É certo que, para existir humanidade, devem existir alguns como Fernando Pessoa. Só não consigo acreditar que valha a pena esquecer-se do que se considera vida, sendo ela o que temos de certo.

sábado, 26 de dezembro de 2009

cegueira

Uma cena séria e amarga ganha tanta beleza quando olhada de fora (e com intenções de se encontrar beleza) que eu me descobri criando filmes ou livros em situações do dia-a-dia. O problema é que não deve ser muito reconfortante desabafar para uma pessoa que penda um pouco de lado a cabeça e não ouça o que você diz com a devida preocupação de resolver o seu problema, mas sim de encontrar alguma beleza que anule a própria preocupação.
Não é a primeira vez que me vem essa capacidade de enxergar outras cores. E veio o mesmo peso por não encarar a realidade, por me utilizar dela pra criar algum mundo paralelo.
A questão não é deixar de ser realista. É que eu deixo todo mundo pra trás, com os monstros do mundo real, numa fuga de puro egoísmo.
Só queria conseguir convencê-los dessas diferentes faces do prisma, levá-los comigo! Daí não haveria mais problema algum...

as idéias natimortas

Mesmo num dia quente, em que todos estejam gastando seus minutos em diversas atividades improdutivas para tornar suas vidas menos monótonas, alguma coisa de vontade se arrasta pelo piso frio até o tapete, até minhas unhas do pé -- e invade-me.
Um texto diferente, um desenho que me glorifique, um vídeo que os façam rir. Alguma idéia de sucesso, nunca completa. Uma que nunca se tornará completa, graças ao medo de destruir sua pureza de simples idéia com a sujeira de trabalho superficial. Porque minhas capacidades sempre estão aquém do que eu imaginava.
Hoje, no sofá, estando ao lado de algum livro infantil que não me caiu no gosto, voltou-me a vontade de escrever e ilustrar algo simples, ingênuo, talvez para que meus sobrinhos lessem e dissessem como a tia é legal, desenha bem, e que estória interessante!
É querer concluir alguma coisa. Receber a glória sem ter de começar pela base, pelo trabalho ou desconhecimento.
E o tempo, sempre passando.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

asfixia

essa expectativa toda
e o transbordamento de
sensações que eu engulo
me frustram
me frustram!
são tantas intensidades diferentes
cores e temperos aos quais me abro
pra uma mistura interior, uma construção silenciosa
e posterior expressão
que asfixio
toda vez que me censuro
(sempre)

parece que o tempo passa
e eu sou ainda a mesma:
a mesma conserva de sentimentos explosivos enlatados.